segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Época do ultra-romantismo, a literatura auge era a triste.
Para os escritores que viveram naqueles tempos, foram momentos gloriósos, onde seus trabalhos eram reconhecidos e tidos como regra.
Podiam matar-se sem medo, em letras de tinta e papéis manchados.
Mas o que houve com os ponteiros dos relógios? Que correram, correram e deixaram o vento amargo levar esses escritores embora. Seus ditos continuam aqui e há quem os apressie, mas e aqueles que se assemelham em sua escrita? E os escritores ultra-românticos que por um infortúnio do tempo nasceram em datas erradas?
Suas palavras deixam de ser bonitas pelo contexto no qual agora vivem. Já não podem mais ser belas, pois o belo agora, é outro.
Mas que enorme injustiça é essa? Perdem o direito de se expressar por terem se atrasado alguns anos. Suas frases sempre serão montadas do seu próprio jeito de montar e as peças encaixadas de um único jeito de encaixar. Não há como mudar a emoção de um poeta romântico.
Para onde foi a beleza às palavras ditas? Para onde foi o choro que o tempo não conseguiu curar? E as cicatrizes que ninguém costurou?
Vejo as marcas de um passado dolorido e sinto dores do que não foi terminado, mas não posso lhe explicar isso pois não sei redigir no formato de letra que você sabe ler.
A incapacidade de dizer, a prisão que abriga minhas palavras, faz com que meu dito seja escasso, e quando o é, ao invés de ser valorizado, é simplesmente jogado ao lado, assim como todas as conjugaçoes do verbo 'morrer' em um dicionário de um poeta ultra-romântico que nasceu no tempo errado.

domingo, 15 de novembro de 2009

Eu te esperei enquanto a lua subia, cheia e branca ao céu. Como um rabisco de giz no quadro negro.
Eu te esperei enquanto os ventos brincavam com o meu cabelo, tentando jogá-los na minha cara para
que eu não mais pudesse ver a dor que estava diante de meus olhos.
Eu te esperei enquanto as estrelas brincavam de correr, para não serem pegas pela solidão, assim como eu
sempre era.
Eu vi as estrelas fugirem de mim.
Como se tivessem medo de chegar perto demais.
Naquela noite o céu ficou completamente negro, salvo a lua que logo se ergueu ali.

Eu te esperei enquanto o sol acordava e os primeiros raios de luz tocavam minhas pálpebras.
Eu te esperei enquanto o dia caminhava e não me chamava a caminhar com ele.
Eu te esperei enquanto meus pés queimaram ao tocar o solo quente.
E logo voltaram a mim, com medo de pisar ali de novo.
Mas já queimados, suportariam a dor, e eu os fiz cegos para continuar andando.


Vi o sol ir embora, feliz por poder enfim descansar.
E eu, aliviada, por poder me esconder nas águas escuras que via se aproximando.
O céu logo escuresceu novamente e a lua ergueu-se.
A escuridão me fazia segura, e ali nada poderia me alcançar.
Exceto você.

Eu te esperei por mais alguns milênios. Alguns séculos correram e eu mal vi o tempo passar.
Dia e noite se convertiam e confundiam-se enquanto eu estive parada ali.

Agora, a noite tomou conta novamente. Consigo escutar as estrelas zombando de mim.
Volta e meia,a lua se aproxima e tenta me ajudar.
Mas não consigo alcanca-la e sua ajuda fica longe demais.

Eu te esperei enquanto mil sóis se punham e eu não pude fazer nada para impedi-los de ir embora.
Eu te esperei enquanto a lua não me quis mais e se escondeu atras da montanha.
Eu te esperei enquanto minhas palavras voaram com o vento e fiquei sem voz.
Eu te esperei enquanto as estrelas cansaram de zombar de mim e também se puseram distantes.
Eu te esperei até cansar de mim mesma e abandonar uma parte minha, só pra continuar a te esperar sozinha,
sem ter que me preocupar com o amanhã.