terça-feira, 24 de maio de 2011

De frente ao espelho.
Um reflexo aparece.
Controlo minhas mãos, meus pés, meus jeitos.
E ele repete.

Copia tudo o que faço
os bracos se movem, a boca diz
e vejo tudo acontecer de novo
copiando os movimentos que fiz.

Estou sozinha.
Compartilho o momento com duas partes de mim.
E mesmo assim estou sozinha.

Até que você surge
e agora somos quatro, em um.
Duas figuras se olham e o resto copia.
Movo meu bracço e voce imita
e agora somos um, em dois.

Nossos reflexos dialogam
e vivem uma vida inteira sem nenhum de nós dois.
Viajam pelo mundo e não se importam
em voltar para nos buscar depois.

Você se distancia.
E some.
Talvez você tenha me levado de mim.
Mas não me importo.
O único pensamento que pousa em minha cabeça é que no momento da real partida,
quando você for embora e não só o seu reflexo, eu possa ter um espelho por perto
para me lembrar de você.


De frente ao espelho.
O reflexo desaparece.
Não vejo minhas mãos, meus pés, meus jeitos.
Vejo que você se vai, mas nada (nem eu) te impede.


O tempo passou e pela primeira vez, eu fui.

Nao fiquei esperando tudo ir embora diante de meus olhos
e nao fiquei esperando tudo acontecer enquanto eu parava.
Para todos voces, eu fui e por isso demorei a voltar e escrever aqui.
Fui, pois se passaram meses e minha ausencia dominou os espacos em branco.
Na verdade pretos.
E na verdade multi cores.
Fui, pois voces podem ter me procurado e nao obtiveram pista alguma de onde eu poderia estar.
Fui, pois eu poderia ter estado longe ou mais perto que nunca e voces nunca saberiam.
Mas ja que voltei
e ja que venho
agora eu digo
eu estou aqui.