me fantasiei de mudança.
rabisquei na minha pele qualquer coisa que significasse coisa alguma.
que fosse
algo que eu não sei se sou.
que tivesse as certezas que não tenho.
setas que diziam para onde ir
já que eu mesma não sei para onde seguir.
o meu corpo se torna meu próprio escudo e minha folha.
a folha que substitui o papel quando as palavras não sabem escrever.
quando os desenhos tampouco saem e tudo que me resta é algo qualquer que
descreva a confusão que me habita.
me fantasiei de mudança.
com as minhas imperfeições a flor de pele
tentei me importar o mínimo possível com elas.
deixei que fossem
me fantasiei de mudança
e assim dormi
com a esperança
de que no dia seguinte
todos os rabiscos tivessem sumido.
mas não havia nada para tirá-los dali
a não ser a água que joguei no meu corpo no dia que seguiu.
a água que levou tudo embora,
mas nem mesmo ela
nem mesmo nada
é capaz de levar minha confusão e meus pesares embora pelo ralo
junto com a tinta que com a qual eu me pintei
21/11/2012