Postarei capítulos separadamente, então com muito amor, aqui vai o primeiro.
Apresento-lhes, o Marcelo e a Andy:
Primeiro Capítulo:
"Ele realmente era uma de minhas paixões adolescentes, confesso que uma das mais fortes. É, ele foi. Lembro-me de cada dia como a mais longa recordação.
Marcelo tinha uns olhos encantadores, qualquer uma simplesmente conseguiria observar uma foto sua por no mínimo uma hora, paralisada, até que seus próprios olhos entorpecessem. Seu cabelo era sem ondas e sem cores mescladas, como se todas as cores ao seu redor tivessem sido sugadas para seus fios e formassem aquela indescritível coloração, se é que isso faz algum sentido. Seus braços, ombros, nariz e pernas, tudo me chamava com a magia e a dor de uma paixonite normal. Mas o seu sorriso, era o mais inacreditável e quase cegava os meus olhos de tanta beleza, superando o difícil e ousado ao tentar ser descrito. Perceba meu esforço... A presença de seu sorriso à noite, fazia o sol nascer novamente e qualquer sentimento ruim desaparecia de imediato e me dominavam os tremores. O som de sua risada, não me dava vontade de rir, só me dava vontade de parar o que estava fazendo e de algum modo, fazê-lo rir mais para escutar a música que quase era. Seus lábios e seus dentes pareciam terem sido esculpidos por anjos, diretamente do céu para mim. E como aquele sorriso me afetava, como... Cada dente que ele mostrava me fazia estremecer nas bases, de início.
Conheci a figura em uma lanchonete, quando nossos sanduíches foram confundidos.
- Atum com queijo?! - Gritou a garçonete.
- É meu! - Eu disse.
- É meu! - Outro alguém berrou.
Nos encaramos ao ouvir o eco que havíamos feito. E ele, com cara de homem solidário me disse que eu podia ficar com o sanduíche. Eu agradeci, estava realmente com muita fome.
- Então eu não sou o único anormal que come atum com queijo né?
Ri em resposta.
- Você também é discriminado por causa disso?! - também brinquei.
Aí ele riu. E eu, me paralisei. O tal sorriso e o tal som da risada que descrevi antes foram apresentados a mim neste dia. E eu fiquei encantada, quase amor a primeira vista, só quase.
- Sou sim. - Riu - Marcelo. – estendeu a mão – Acho que eu já te vi em algum lugar...
- Andy. – sorri apertando-lhe a mão – é, acho que você anda com alguns amigos meus.
- Quem? - pareceu interessado.
- Paula, Rick, Jéssica, Marcos, por ai...
- Aaaahtá! Putz, verdade, eu já ouvi falar de você, Andy.
O outro sanduíche havia chegado, ele o pegou e o pôs em sua frente.
- Andy é um nome meio... ahm ... - percebi que ele não encontrava palavras, com medo de me deixar sem graça.
- Excêntrico? Estranho? Masculino? É. A minha mãe é americana e meu pai brasileiro, se casaram aqui no Brasil mesmo, mas ela teimou em me dar esse nome, que lá é unissex. Mas até que eu gosto dele sabe, me faz ser diferente de natureza.
Sorri meio canto.
- Com certeza, totalmente única. E também, ninguém consegue esquecer seu nome –respondeu ele sorrindo.
E foi sói a boca abrir de novo e mostrar os dentes para o meu banco parecer bambolear e eu ter vontade total de congelar a cena e ficar ali olhando e olhando e olhando e olhando, até o ano que vem.
Nossa conversa foi seguindo enquanto devorávamos nossos sanduíches de atum com queijo até que eu tive que ir embora, e pelo visto ele também. Nos levantamos e ele disse:
- Muito bom te conhecer And. Posso te chamar assim?
Assenti com a cabeça, sorrindo. E ele continuou.
- Sai com essa galera aí que a gente se encontra, ia ser legal.
- Claro! – respondi toda boba.
Nos despedimos e fui para casa. A primeira coisa que fiz ao chegar foi ir para o meu computador e descrever aquele belo sorriso em forma de poesia. Ficou algo mais ou menos assim:
“Ao primeiro ver,
fez meu coração palpitar
de acordo com o momento
em que vi sua boca brilhar.
O dia já fora ganho
só por conhecer
aquele tal indivíduo
que me fez tremer.
E agora, louca para revê-lo amanhã
escrevo isso tudo,hipnotizada
esperando ansiosa pelo próximo dia
para ver seu sorriso,e mais nada.”
Adoro jogar fora meu sentimento assim, ele sai de algum jeito de mim e passa a pertencer a aquele arquivo onde o escrevi em sua essência final, claro, porque o seu todo permanece aqui dentro. Assim salvei lá, com o nome de Sorriso. O tempo passou e eu tinha muito o que fazer,dever de casa,arrumar o quarto,lavar a cozinha – é,eu era meio que a faxineira da minha casa quando eu estava precisando de grana,era o jeito da minha mãe me ensinar a dar valor ao dinheiro ou lutar por ele ou simplesmente fazer a filha de escrava, das três uma – então logo tive que parar de sorrir a toa e pôr meus afazeres em prática.
Eu acabei tirando aquele sorriso encantador da minha cabeça de acordo com as minhas ocupações. Ele só ficou meio guardado na minha memória, sem nada altamente obsessivo. Mas a noite,quando fui dormir,ele resolveu me dar um oi. E acordei louca para falar com a Paula sobre ele, que por pura ironia do destino, é minha melhor amiga.
Minha manhã foi sobre isso, fofocas absurdas sobre Marcelo e sua gangue, Marcelo e sua escola, Marcelo e seus hábitos, Marcelo e Marcelo e Marcelo. Estranho, o magnífico sorriso dele não afetava Paulinha, na verdade, ela mal notara que era tão branco e brilhante assim. Não a fazia estremecer nem nada do tipo, e isso me deixou um pouco inquieta. Será que era um problema comigo? Eu faria o sacrifício de sair mais com ele para descobrir.
Eu bem estava acostumada a me sentir atraída por garotos, e geralmente era coisa de dia, semana ou horas para sair da minha cabeça fácil. Mas com Marcelo eu sentia algo diferente, como se alguém me dissesse que com ele, não seria assim."